Publicado Dec 27, 2018



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Lilian Campesato

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Resumo

O presente artigo é parte de uma pesquisa mais ampla que considera o ruído como um agente de transformação musical. A partir dessa perspectiva, faço uma reflexão sobre os conceitos psicanalíticos de repressão e pulsão de morte. Neste contexto, estes conceitos estão ligados a um processo de rejeição, aceitação e transgressão de elementos que estão na base da criação artística. A relação entre transgressão e aceitação do ruído pode ser entendida como um processo dialético e dinâmico. Por um lado, o ruído pode ser entendido como um evento perturbador, indesejável, suprimido e reprimido; por outro lado, pode tornar-se algo aceitável e desejável quando é incorporado como um elemento estético. Esse processo oscilatório de aceitação e rejeição pode estar relacionado a dois conceitos da teoria psicanalítica freudiana: repressão e pulsão de morte. Esses conceitos podem ajudar a entender o retorno do que foi reprimido, do que deve ser evitado e que é percebido como ruído, conectando esse “retorno” à ideia de rememoração de algo que foi reprimido. Ao fazer esse paralelo entre o ruído e a psicanálise, busco entender o mecanismo pelo qual um elemento desconfortável, barulhento e às vezes destrutivo se torna crucial para superar uma inércia conservadora e, assim, ativar uma mola que impulsiona a dinâmica cultural. Embora denote um paradoxo, essa dinâmica permite a incorporação do que é considerado indesejável e é uma operação essencial nos processos de transformação da música.

Keywords

noise, aesthetization of noise, repression of noise, death drive, artistic transformation, psychoanalysisruído, estetização do ruído, repressão do ruído, pulsão de morte, transformação artística, psicanáliseruido, estetización del ruido, represión del ruido, pulsión de muerte, transformación artística, psicoanálisisnoise, aesthetization of noise, repression of noise, death drive, artistic transformation, psychoanalysis.

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Como Citar
Campesato, L. (2018). O paradoxo das transgressões musicais: o ruído como energia libidinal. Cuadernos De Música, Artes Visuales Y Artes Escénicas, 14(1), 103–114. https://doi.org/10.11144/javeriana.mavae14-1.tpom
Seção
Dossier